Área Pessoal
PERGUNTA A ...
 
 
     
José Manuel Durão Barroso
 
Pedro Barros
A falta de uma política de refugiados na UE é um dos grandes problemas com que nos deparamos. Como é que se pode resolver a falta de coordenação de politicas entre Estados e a própria UE de forma a salvaguardar as vidas dos refugiados do Norte de África e os interesses dos países europeus?
Considero que é essencial a elaboração e prossecução de uma política europeia para os refugiados e a imigração . Se ela ainda não existe , isso não é por ausência de iniciativa das instituições europeias ( já em 2007 a Comissão por mim liderada apelava aos estados membros nesse sentido !...) mas por falta de vontade e de espírito de compromisso de vários governos europeus. Se queremos manter a liberdade de circulação no espaço europeu então precisamos , precisamente pela ausência de fronteiras internas , defender com credibilidade a nossa fronteira externa. Receber os refugiados constitui uma obrigação humanitária ( imposta aliás pelo Direito Internacional ) a qual nenhum país se pode eximir . Mas não existe para a UE qualquer obrigação de receber mais imigrantes do que aqueles que os seus países julgam poder integrar . Por isso a coerência na fronteira externa e importante. Se os cidadãos europeus ficam convencidos que as suas fronteiras não estão devidamente protegidas será grande o risco de movimentos e partidos xenófobos e/ou ultra nacionalistas , como aliás já está a acontecer em alguns dos Estados membros da UE, tomarem cada vez mais poder . Por isso já utilizei a fórmula “portas abertas mas não escancaradas” para ilustrar o que a meu ver deve constituir uma política europeia equilibrada no domínio da imigração. Ao mesmo tempo , torna-se necessário que a política de responsabilidade na gestão da imigração seja acompanhada por verdadeira solidariedade no acolhimento dos refugiados . Trata se de um problema europeu e não é legítimo deixar sobrecarregados alguns países só porque estes estão geograficamente mais expostos. Na política de imigração, como em tantos outros domínios , o que a UE precisa e de responsabilidade e de solidariedade . As falsas soluções do facilitismo , por um lado, ou do rigorismo , por outro, podem agradar a uma certa esquerda ou a uma certa direita, mas são na realidade respostas demagógicas e perigosas para uma UE que se quer apoiada nos valores da dignidade da pessoa humana e da tolerância .
Rita Miranda Coelho
Qual considera ter sido o grande desafio de ter sido presidente da Comissão Europeia enquanto português?
O meu maior desafio como Presidente da Comissão Europeia enquanto português foi naturalmente o de procurar evitar o colapso financeiro de Portugal durante a crise financeira e da dívida soberana. Como se sabe essa crise , que tomou formas específicas e criou desafios particulares na zona euro , foi a mais séria e devastadora crise económico-financeira da era da globalização e exigiu não apenas respostas sistemicas ao nível da governação do euro mas também programas de ajustamento muito exigentes nomeadamente na Grécia , Irlanda,Espanha ( programa específico para o sector bancário ), Chipre e Portugal. Era para mim óbvio que o País mais exposto a seguir a Grécia seria Portugal e , também por isso , fiz tudo o que estava ao meu alcance para evitar que viesse a verificar-se o que na altura se chamava o “Grexit”(saída da Grécia do Euro ) , pois estava seguro que , para além das terríveis consequências para a própria sobrevivência do euro e da UE , Portugal seria a próxima vítima . Estou convencido que esta minha sensibilidade portuguesa foi determinante no modo como procurei que a Comissão encontrasse pontos de equilíbrio entre perspectivas tão opostas ( por exemplo entre Alemanha e Grécia) que então havia no âmbito da zona euro . E , obviamente, trabalhei também muito intimamente com as autoridades portuguesas durante esse período . Sei bem que o ajustamento em Portugal foi difícil economicamente , politicamente e socialmente . Mas estou convicto que conseguimos evitar cenários muito mais negativos para não dizer realmente catastróficos . Daí a minha satisfação quando Portugal, contrariando tantos analistas internacionais ( e também tantos políticos nacionais...) conseguiu a chamada saída limpa do programa , regressando aos mercados e , com uma confiança recuperada, se mostrou capaz de voltar ao caminho do crescimento económico.
André Lajoso
Caro Dr. Durão Barroso

Estando Portugal "nas bocas do Mundo", por boas, mas acima de tudo más notícias, pensa que o futuro da Europa passa pelo nosso país, ou vamos ficar destinados a continuar rotulados como o "país dos velhos"?

Obrigado.
Luís Malhadinhas
Considera que um possível alargamento da União Europeia a mais países, neste momento, acarretaria mais benefícios ou inconvenientes?
Maria Castro
Qual o impacto para as empresas europeias se o Reino Unido sair da UE sem acordo?
Ana Lamas
Tendo em conta a atual volatilidade dos mercados, a evolução das novas tecnologias (ex. Industria 4.0) e as diferenças significativas das novas gerações, qual é neste momento a principal dificuldade que a Europa enfrenta?
André Campos
Visto que neste momento está fora de Portugal, gostaria de saber se o seu futuro passa por Portugal. Se for acaso de não passar, porquê?
António Saraiva
Considera que a Europa, devido às mudanças que está a sofrer, tanto a nível cultural como científico, será reconhecível nos próximos anos?
Carlos Rodrigues
Como antigo presidente da Comissão Europeia, como responde aos crescentes populismos e à falta de credibilidade que as populações vêem na União Europeia?
Eva Brás Pinho
Pensando a abstenção nas eleições europeias, seriam as listas transnacionais, uma forma de aproximar as pessoas de programas e conceitos além fronteiras, especialmente pensado, para a Europa, estimulando o espírito europeu mais do que a exclusividade nacional?
Francisco Miranda
Em Junho de 2004 tomou a decisão de apresentar a sua demissão do cargo de Chefe de Governo ao Presidente Jorge Sampaio. Qual o balanço que, actualmente, faz da actuação do governo de coligação entre o PPD/PSD e o CDS/PP que liderou? Considera que foi um governo reformista? Que procurou enfrentar os graves problemas económicos e financeiros do país?
Guerral
O maior desafio que a Europa enfrenta será a tensão comercial com os Estados Unidos da América ou os refugiados?
Joana Miller
Qual a sua opinião acerca da União Europeia não renegociar o Acordo de Paris?
Matilde Carvalho
Qual o primeiro passo para incentivar os jovens a adquirir mais conhecimento sobre a Europa?
Orlando Vaz
Não sendo Portugal considerado um País grande da União Europeia, considera ter sentido dificuldades acrescidas quando assumiu a Presidência da Comissão Europeia?
Pedro Sousa
Liderou a Comissão Europeia numa das alturas mais críticas para a sua de se elevar e afirma enquanto potencia. Posteriormente, foi convidado a exercer funções como membro de uma conhecida instituição financeira. Como vê este sucesso de funções em dirigentes políticos e como acha que se pode evitar que comportamentos semelhantes minem a política?
Ricardo Gago
O que veio primeiro? O europeu ou a Europa? Quais as consequências da resposta para os dias de hoje?
Sabrina Nunes
Poderá a saída do EUA da OMC agravar o défice de balança corrente de tal forma a que os credores aumentem significativamente as taxas de juros? Se sim, como poderá dar a volta ao problema?