Área Pessoal
PERGUNTA A ...
 
 
     
Margarida Balseiro Lopes
 
Gustavo Ambrósio
Como pode o teor humanista do PSD ser compatível com a viabilização jurídica da Eutanásia?
Quanto à eutanásia, permite-me Gustavo que reproduza parte do texto que redigi quando votei favoravelmente à legalização da Eutanásia no Parlamento há uns meses. “Respeitando a sua história em matérias de consciência, optou, como não poderia deixar de ser, o Partido Social Democrata por dar liberdade de voto a todos os seus deputados. É esta uma questão cuja resposta depende, como nenhuma outra, das nossas mais profundas convicções pessoais, do nosso sentido de moralidade e de dever, de acordo com aquelas que são as nossas experiências e do nosso quadro axiológico. Nenhum partido é dono da consciência de ninguém, e a liberdade de voto de cada um dos deputados do Partido Social Democrata demonstra e reitera precisamente isso mesmo. Não sendo nova nem recente esta discussão e ainda que a mesma pudesse ter sido sujeita a um referendo, a verdade é que houve de facto um amplo e prolongado debate sobre o tema, não apenas na Assembleia da República como na sociedade portuguesa. Desde 2016, o debate da morte assistida generalizou-se com o lançamento do manifesto “Direito a morrer com dignidade”. Importa a este propósito deixar claro, ainda assim, que para mim a legalização da Eutanásia se trata, não da edificação de um qualquer direito a morrer. A questão coloca-se ao nível da disposição individual e pessoal do direito à vida, da sua conformação com a autonomia e da dignidade da pessoa humana. Ou seja, da possibilidade de se dispor da própria vida em circunstâncias muito especiais. É inegável que a autodeterminação do doente através da exigência de consentimento informado tem ganho particular expressão, seja desde logo na Lei de Bases da Saúde, seja mais recentemente através da regulação das diretivas da vontade, designadamente sob a forma de testamento vital, criando para o efeito o Registo Nacional do Testamento Vital. E a este respeito, importa referir que sendo certo que a ordem jurídica passou a consagrar o Testamento Vital, nos termos do qual cada um de nós poderá, por exemplo, manifestar o tipo de tratamento, ou os cuidados de saúde, que pretende ou não receber, quando estiver incapaz de expressar a sua vontade, a verdade é que está longe de ser a resposta que por ora pretendemos dar a uma realidade que não sendo a ideal nem a desejável, importa atender. Sem que com isso se procure negar a necessária consciencialização e divulgação de um instrumento que já existe, mas que muitos ainda não conhecem. O que aqui está em discussão é a possibilidade de a lei consagrar a antecipação da morte por decisão da própria pessoa, em situação de sofrimento extremo, com lesão definitiva ou doença incurável e fatal. Garante-se que esta é praticada ou ajudada por profissionais de saúde, obedecendo esta decisão a um procedimento clínico e legal, de forma a que decorra de uma vontade do próprio atual, séria, livre e esclarecida. Esta é, em primeiro lugar, uma decisão individual, que não pode em circunstância alguma ser delegada em terceiros. Em que é o próprio titular do direito à vida que dispõe do mesmo, desde que verificada a circunstância de estar numa situação de sofrimento atroz, num quadro em que a doença coloque em causa a sua dignidade e sem que exista possibilidade de cura. Importa-me numa visão garantística a salvaguarda da ponderação e da liberdade de escolha de cada doente. Garantia dada pelo facto de o médico ser escolhido pelo doente, de intervir o médico da especialidade da patologia do paciente e de umaeventual intervenção de um médico psiquiatra. Bem como decorre da existência deuma Comissão de Verificação e Avaliação do Procedimento Clínico de Antecipação da Morte e da intervenção da Inspeção das Atividades em Saúde. Aliás, a intervenção em todo o processo de médicos, enfermeiros, juristas e especialistas em bioética que compõem a Comissão de Verificação é uma das garantias de que esta não será de todo uma decisão imponderada, condicionada ou motivada por qualquer outro fator que não seja a livre, firme e reiterada vontade do doente. Por outro lado, parece-me fundamental a garantia de que esta se trata de umadecisão tomada pelo próprio no exato e preciso momento em que as circunstâncias se verificam. Daí que só mereça o meu voto favorável a iniciativa legislativa que em caso de inconsciência garanta a interrupção do procedimento. Sobre a questão da sua compatibilização com o quadro constitucional vigente, como referiu o Professor Costa Andrade “a penalização e a despenalização de morte assistida são ambas constitucionais porque a Constituição, após a previsão dos valores fundamentais ‘vida’ e ‘autonomia’, delega no legislador ordinário a facilidade de maximizar e compatibilizar estes dois valores fundamentais”. Sobre o direito comparado e o afamado conceito da “rampa deslizante”, depois deuma leitura atenta dos vários projetos de lei em discussão, a conclusão que se retira é que ficam de fora os exemplos que noutros países desvirtuaram por completo o conceito original. Em qualquer um dos projetos se garante que não será aplicada a Eutanásia numa situação de uma qualquer doença, não será aplicada a Eutanásia a crianças, nem será aplicada a Eutanásia a uma qualquer pessoa que esteja momentaneamente numa depressão. Afastado que está o fantasma da rampa deslizante, voltemos então ao que está em causa. Está em causa a resposta que o ordenamento jurídico dará a qualquer uma das pessoas que estando numa situação de sofrimento extremo, com lesão definitiva ou doença incurável e fatal, queira, no exercício da sua liberdade individual e indisponível, morrer. Nenhum de nós irá dispor da vida de ninguém. Trata-se outrossim de permitir que cada um de nós, no exercício pleno e integral da sua liberdade, o possa fazer, única e exclusivamente, relativamente a si próprio.”
João Pedro Órfão
Ola Margarida quando vamos ter um evento de nivel nacional no distrito de Bragança?
Para breve João.
Francisco Miranda
Atualmente é discutido em Portugal a situação do serviço nacional de Saúde. Considera que a privatização dos serviços de saúde pode ser uma solução adequada para os problemas que atualmente se verificam? Isto é, a prestação dos cuidados de saúde ser assegurada pela iniciativa privada e o Estado subsidiar a prestação destes serviços aos cidadãos que comprovadamente não têm condições económicas para pagar?
O Estado já recorre ao privado quando não consegue dar resposta no Serviço Nacional de Saúde. Fá-lo, por exemplo, quando não consegue dar resposta atempada ou adequada a doentes à espera de cirurgia. Em 2016, cerca de 7 em cada 100 operações de doentes do SNS tiveram lugar em hospitais protocolados ou convencionados. O número de vales de cirurgia emitidos pelo SNS feitas no privado aumentou 76% em 2017, segundo dados recentemente divulgados pelo Relatório sobre o Acesso a Cuidados de Saúde. O peso das unidades privadas na saúde dos portugueses é cada vez maior. A perversidade desta situação é que decorre em muitas das situações da degradação das condições de acesso no SNS. É fundamental, sem prejuízo da complementaridade dos privados e do terceiro sector relativamente ao SNS, dotá-lo dos recursos necessários para uma boa prestação dos cuidados de saúde.
João Pedrosa
Como é que a deputada Margarida Balseiro Lopes vê uma possível fusão da base aérea de Monte Real (Leiria) com um aeroporto civil? Será rentável para o Estado, assim como para o País?
João, o atual Governo tem desprezado a possibilidade da abertura da base aérea de Monte Real, tal como toda a região centro tem vindo a defender ao longo dos anos. Tal facto é notório com a escolha deste Governo pelo Montijo na opção Portela + 1, sem realização de qualquer estudo prévio e sem considerar a hipótese de Monte Real. Considero que era necessária a existência de uma infraestrutrura aeroportuária e lamento que o Governo que toma uma decisão desta magnitude não considere esta possibilidade que iria continuar de forma significativa para o desenvolvimento económico de toda a região centro. Mas, deveria envolver necessariamente a participação de privados.
Rita Miranda Coelho
Uma das grandes problemáticas portuguesas é o grande fosso existente entre o litoral e o interior. Sendo a coesão territorial essencial para que Portugal evolua e progrida, e tomando partido da sua profissão (anterior ao cargo de Deputada), a minha questão é: acredita que uma solução (como medida temporária de 5 anos) poderia passar pela eliminação total do IRS/ IRC para os habitantes e empresas situadas no interior? E ainda nesta ideia da bipolaridade do nosso país, até que ponto considera que os círculos uninominais podem contribuir para reduzir as disparidades regionais?

Já houve um benefício fiscal da interioridade que baixava o IRC para as empresas localizadas no interior do país. E seria importante recuperá-lo. Já quanto a reduzir a 0% a taxa de IRC não estou certa de que fosse muito exequível à luz das regras comunitárias. Mas não basta. Desde logo, é fundamental estabilidade fiscal, garantir que estes benefícios não andam ao sabor do vento, para que as empresas e os empresários possam saber com o que contam.
André Lajoso
Caríssima Dpta. Dra. Margarida Balseiro Lopes: Sendo a primeira mulher a assumir a presidência da Juventude Social Democrata, que tipo de diferenças sente entre géneros, na política nacional? Aproveito ainda para perguntar qual é a posição do JSD relativamente à discussão pública relativamente à eutanásia, isto é, o ato intencional de proporcionar a alguém uma morte indolor para aliviar o sofrimento causado por uma doença incurável ou dolorosa.
Há naturalmente algumas diferenças o que também explica a necessidade de termos ambos os géneros representados, para garantir que uma equilibrada representatividade enriquece a atividade política. Quanto a exemplos que mostram as diferenças entre homens e mulheres, na minha opinião, há um que é claro. As mulheres são, em regra, mais emotivas na forma como exercem e vivem a atividade política. Quanto à eutanásia, permite-me André que reproduza parte do texto que redigi quando votei favoravelmente à legalização da Eutanásia no Parlamento há uns meses. “Respeitando a sua história em matérias de consciência, optou, como não poderia deixar de ser, o Partido Social Democrata por dar liberdade de voto a todos os seus deputados. É esta uma questão cuja resposta depende, como nenhuma outra, das nossas mais profundas convicções pessoais, do nosso sentido de moralidade e de dever, de acordo com aquelas que são as nossas experiências e do nosso quadro axiológico. Nenhum partido é dono da consciência de ninguém, e a liberdade de voto de cada um dos deputados do Partido Social Democrata demonstra e reitera precisamente isso mesmo. Não sendo nova nem recente esta discussão e ainda que a mesma pudesse ter sido sujeita a um referendo, a verdade é que houve de facto um amplo e prolongado debate sobre o tema, não apenas na Assembleia da República como na sociedade portuguesa. Desde 2016, o debate da morte assistida generalizou-se com o lançamento do manifesto “Direito a morrer com dignidade”. Importa a este propósito deixar claro, ainda assim, que para mim a legalização da Eutanásia se trata, não da edificação de um qualquer direito a morrer. A questão coloca-se ao nível da disposição individual e pessoal do direito à vida, da sua conformação com a autonomia e da dignidade da pessoa humana. Ou seja, da possibilidade de se dispor da própria vida em circunstâncias muito especiais. É inegável que a autodeterminação do doente através da exigência de consentimento informado tem ganho particular expressão, seja desde logo na Lei de Bases da Saúde, seja mais recentemente através da regulação das diretivas da vontade, designadamente sob a forma de testamento vital, criando para o efeito o Registo Nacional do Testamento Vital. E a este respeito, importa referir que sendo certo que a ordem jurídica passou a consagrar o Testamento Vital, nos termos do qual cada um de nós poderá, por exemplo, manifestar o tipo de tratamento, ou os cuidados de saúde, que pretende ou não receber, quando estiver incapaz de expressar a sua vontade, a verdade é que está longe de ser a resposta que por ora pretendemos dar a uma realidade que não sendo a ideal nem a desejável, importa atender. Sem que com isso se procure negar a necessária consciencialização e divulgação de um instrumento que já existe, mas que muitos ainda não conhecem. O que aqui está em discussão é a possibilidade de a lei consagrar a antecipação da morte por decisão da própria pessoa, em situação de sofrimento extremo, com lesão definitiva ou doença incurável e fatal. Garante-se que esta é praticada ou ajudada por profissionais de saúde, obedecendo esta decisão a um procedimento clínico e legal, de forma a que decorra de uma vontade do próprio atual, séria, livre e esclarecida. Esta é, em primeiro lugar, uma decisão individual, que não pode em circunstância alguma ser delegada em terceiros. Em que é o próprio titular do direito à vida que dispõe do mesmo, desde que verificada a circunstância de estar numa situação de sofrimento atroz, num quadro em que a doença coloque em causa a sua dignidade e sem que exista possibilidade de cura. Importa-me numa visão garantística a salvaguarda da ponderação e da liberdade de escolha de cada doente. Garantia dada pelo facto de o médico ser escolhido pelo doente, de intervir o médico da especialidade da patologia do paciente e de umaeventual intervenção de um médico psiquiatra. Bem como decorre da existência deuma Comissão de Verificação e Avaliação do Procedimento Clínico de Antecipação da Morte e da intervenção da Inspeção das Atividades em Saúde. Aliás, a intervenção em todo o processo de médicos, enfermeiros, juristas e especialistas em bioética que compõem a Comissão de Verificação é uma das garantias de que esta não será de todo uma decisão imponderada, condicionada ou motivada por qualquer outro fator que não seja a livre, firme e reiterada vontade do doente. Por outro lado, parece-me fundamental a garantia de que esta se trata de umadecisão tomada pelo próprio no exato e preciso momento em que as circunstâncias se verificam. Daí que só mereça o meu voto favorável a iniciativa legislativa que em caso de inconsciência garanta a interrupção do procedimento. Sobre a questão da sua compatibilização com o quadro constitucional vigente, como referiu o Professor Costa Andrade “a penalização e a despenalização de morte assistida são ambas constitucionais porque a Constituição, após a previsão dos valores fundamentais ‘vida’ e ‘autonomia’, delega no legislador ordinário a facilidade de maximizar e compatibilizar estes dois valores fundamentais”. Sobre o direito comparado e o afamado conceito da “rampa deslizante”, depois deuma leitura atenta dos vários projetos de lei em discussão, a conclusão que se retira é que ficam de fora os exemplos que noutros países desvirtuaram por completo o conceito original. Em qualquer um dos projetos se garante que não será aplicada a Eutanásia numa situação de uma qualquer doença, não será aplicada a Eutanásia a crianças, nem será aplicada a Eutanásia a uma qualquer pessoa que esteja momentaneamente numa depressão. Afastado que está o fantasma da rampa deslizante, voltemos então ao que está em causa. Está em causa a resposta que o ordenamento jurídico dará a qualquer uma das pessoas que estando numa situação de sofrimento extremo, com lesão definitiva ou doença incurável e fatal, queira, no exercício da sua liberdade individual e indisponível, morrer. Nenhum de nós irá dispor da vida de ninguém. Trata-se outrossim de permitir que cada um de nós, no exercício pleno e integral da sua liberdade, o possa fazer, única e exclusivamente, relativamente a si próprio.” Por fim, não me voltes a tratar por Dra., ok? :)
Janny
Bom dia Margarida.

Tendo em conta que a questão da paridade de gênero está em discussão no parlamento cabo-verdiano, a minha pergunta acentua precisamente nesta ponto, há paridade de gênero no parlamento Português? E em relação a JSD, as mulheres se interessam?? Paticipam??
Há mais de 30% de mulheres no Parlamento porque existe a lei da paridade, de outro modo seria muito inferior. Infelizmente, há razões culturais e formas de funcionamento dos partidos, entre outras razões, que ajudam a explicar a sub-representação. A Cidadania implica igualdade, tanto uma igualdade ao nível dos direitos como dos deveres. É precisamente essa a ideia que a paridade pretende imprimir. A política para ser verdadeira tem de ser fiel a todos e a todas e às suas necessidades, uma vez que as decisões afetam toda a comunidade. Tendo sido a lei da paridade um contributo fundamental para a promoção das mulheres na atividade política, verifica-se ainda uma sub-representação do género feminino. Desejavelmente a lei da paridade deve apenas vigorar enquanto for necessária para a promoção da paridade que de outra forma não existiria. Na JSD temos atualmente mulheres em cargos importantes na estrutura, mas este é um caminho que tem de continuar a ser feito.
Rúben Traquino
Boa tarde

Minha pergunta é porque escolheste candidatar para Presidente da JSD?

Acha que um projeto de Universidade de verão para os PALOP séria otimo?



Obrigado

Atenciosamente

Rúben Traquino

Cabo Verde

Foram várias as razões que me levaram a candidatar à liderança da JSD. Começa, desde logo, pela paixão que tenho pela JSD e por querer devolver à estrutura o muito que aprendi e o que a JSD me deu ao longos dos últimos anos. E há vários desafios pela frente. É fundamental reforçar o capital político da JSD. O meu objetivo é colocar a JSD como a organização política de juventude de excelência do nosso país – a maior e melhor juventude partidária de Portugal. Para isso, a JSD tem de ser a juventude partidária a falar dos temas que realmente importam aos jovens portugueses, sem populismos ou demagogias. Em segundo lugar, quero que a JSD cresça e se consolide como uma estrutura presente e ativa em todo o país. Em terceiro lugar, a JSD tem o desafio de contribuir de forma determinante para os 3 grandes desafios eleitorais que temos pela frente. Para sermos os vencedores das eleições europeias, regionais da Madeira e eleições legislativas. Uma maior proximidade aos PALOP é outro dos objetivos que temos de atingir, através, designadamente, de uma maior articulação ao nível da formação política. Uma Universidade seria um projeto interessante.
Juquinha
Boa tarde, Margarida.



Quais sao as maiores dificuldades que atravessas na liderança de uma juventude ligada à um partido da oposição?



Qual será o futuro da juventude portuguesa se esse governo continuar por mais um mandato?



Agradeço, desde já, pelas respostas.
Eu prefiro falar em desafios do que em dificuldades. E o nosso maior desafio é o de fazer com que a Política conquiste um novo espaço na vida das pessoas. Credibilizando a atividade política, falando dos temas que efetivamente dizem respeito à vida das pessoas, às suas expectativas, comunicando de forma simples e clara. Este é também um dos maiores desafios do PSD. Precisamos mesmo de garantir que passamos a ter um governo que pensa no futuro do país e não apenas na lógica de manutenção do poder.
António Saraiva
Quais pensa serem os maiores desafios que a JSD e o PSD estão a enfrentar e que enfrentarão no futuro?
Em termos temáticos, o PSD e a JSD têm de ter a capacidade de trazer temas do futuro para o presente. O Emprego do futuro será incontornável. No World Economic Forum de 2017, o tema da adaptação da força de trabalho foi uma constante da discussão, com a conclusão de que existem possibilidades de transição de emprego viáveis para aqueles que hoje em dia estão dedicados a setores cuja empregabilidade vai diminuir por força da automação e robotização. Não estamos por isso em altura de nos acomodarmos perante uma inevitabilidade. O mercado de trabalho está a mudar e, perante este facto, devemos ser preventivos e não reativos. Existem oportunidades de reconversão em todos os setores de atividade e naturalmente cada um deve ter liberdade para escolher um caminho para a sua vida profissional; são os meios de trabalho que estão a mudar e em todos os setores de atividade é possível dotar os trabalhadores de novas competências. A reconversão e formação contínua dos atuais trabalhadores e, em particular, uma aposta séria e pensada nas competências digitais dos desempregados (e o desemprego jovem em Portugal é um dos mais elevados) que possuam já um nível básico de conhecimentos informáticos é garantia de melhor transição para uma economia digital. De igual forma, a preparação dos trabalhadores do futuro é crucial para garantir a sua integração no novo mercado de trabalho e, consequentemente, para a competitividade e o equilíbrio social e económico de Portugal no médio e longo prazo. A Escola do Futuro, será outro. A inovação tecnológica está a transformar a Educação, ao passo que exige uma atualização das competências e skills para o sucesso na economia contemporânea. É um paradoxo incomensurável o mundo caminhar no sentido da 4ª Revolução Industrial, mas a nossa Escola – nos seus traços fundamentais – ainda adotar métodos de aprendizagem que resultaram da 1ª Revolução Industrial. Outro tema que me parece incontornável tem a ver com novas formas de participação. Acredito numa sociedade forte, mobilizada, rica em projetos de elevado cariz social, recreativo, cívico, artístico, cultural, desportivo, porque na JSD não desconfiamos das pessoas, nem da sua iniciativa. Defendo sempre o associativismo e a iniciativa dos jovens em projetos seus, que reforçam a construção da nossa comunidade. O associativismo juvenil é um meio privilegiado de participação cívica dos jovens na sociedade. É preciso reconhecer, a cada momento, o papel que este setor tem para a construção da sociedade e para promover a participação dos mais jovens. A promoção do associativismo juvenil deve privilegiar a efetiva participação e capacitação dos jovens. Este setor tem um papel fundamental no desenvolvimento dos jovens e das suas capacidades, nomeadamente de “soft skills” que são cada vez mais apreciadas pelo mercado de trabalho. Deve ser crescentemente reconhecido o papel do associativismo também na área da educação não formal. Há no enquadramento legal do associativismo juvenil áreas que merecem ser revistas e atualizadas, para melhor responderem aos desafios de hoje. Deve ser salvaguardada e promovida a efetiva participação dos jovens, e incentivada a sua capacidade de iniciativa.
André Campos
Sabendo que foste uma das primeiras alunas desta universidade como te sentes ao estar aqui hoje e como vês a evolucao existente ao longo destes 16 anos ?
Em 12 anos acho que evoluí, que mudei em alguns aspetos, mas continuo a ser a "mesma" Margarida. Sinto-me muito feliz por poder estar cá uma vez mais, e ser parte desta edição. Com participantes com imensa qualidade e muitos deles com menos de 20 anos.
Janny
Como é ser uma líder mulher num meio onde o homem domina (de uma certa forma a política é vista mais pelo rosto feminino) como é ser uma líder de um movimento tão grande como a JSD?
É um enorme orgulho. Reconheço a circunstância histórica de ser a 1.ª mulher a liderar a estrutura, mas na medida em que isso possa permitir incentivar mais jovens mulheres a participar mais ativamente na JSD. Há várias mulheres que também assumiram posições de destaque, a Secretária-Geral e a Presidente de Mesa, por exemplo, e isso é a prova de que a estrutura está a evoluir e qualquer um dos géneros chega a posições de destaque na estrutura.
Francisco Miranda
Muito se fala hoje dos grandes quadros da JSD e espalha-se a ideia de que temos de acabar com o chamado “carreirismo político”. Eu concordo, plenamente, com a ideia de que as pessoas devem estar na vida política, não para obter empregos, mas porque, de facto, têm mérito e capacidade.

Sabe-se, que em todos os partidos políticos, algumas pessoas chegam a ocupar lugares de destaque sem terem nenhum percurso académico e profissional, ou seja, nunca demonstraram a sua competência fora da política.

Algumas dessas pessoas são muitas vezes apoiadas, precisamente, por aqueles que esgotam discursos políticos com a seriedade, a credibilidade e a transparência na política.

Algumas vezes, há políticos que chegam até a falsear o seu currículo, sendo mais tarde descobertos, criticados e convidados a abandonar as suas funções. Isto é criticável, apenas pelo facto de terem mentido relativamente às suas habilitações académicas e competências profissionais, ou o simples facto de não as terem, os impedia à partida de desempenhar cargos públicos?

Por último, aproximam-se as eleições e a JSD costuma indicar nomes ao partido. Na minha opinião, o critério para escolher esses nomes, como já defendi, deve ser o mérito e a capacidade já demonstrada através de currículos académicos e profissionais notáveis. Qual deve ser, na sua opinião, o critério para indicar esses nomes? Apenas a competência demonstrada na JSD chega? Ou, tal como defendo, devem já ter demonstrado competência fora da JSD?
É possível ambas as situações. Ter habilitações académicas, experiência profissional e percurso político. Acho, aliás, que é assim que faz sentido que aconteça. Mas deixa-me começar por dizer que, se é importante ter currículo académico e profissional, também é importante não descredibilizar alguém que também tem currículo político. Quem o faz cava mais um pouco o alheamento dos jovens em relação aos partidos, criando a ideia de que participar politicamente não é ter currículo, passa a ser cadastro. Em segundo lugar, não pode haver apenas a ponderação do cv académico e profissional. No limite, será muito improvável que em alguma circunstância um jovem possa ser eleito para o que quer que seja, já que haverá sempre alguém com mais 30 ou 40 anos que terá, como é óbvio, um cv melhor. Não é isso o exercício de representação.
Pedro Taborda
A JSD é feita por jovens e para os jovens. É uma estrutura com histórias de sucesso em prol da juventude portuguesa que deve saber aproximar.se das sucessivas gerações. Numa era digital, onde a nossa atenção e foco prece mudar em segundos, como manter a juventude focada nos problemas que a afetam e irão afetar
É fundamental que a JSD seja uma estrutura mais moderna, digital, adaptada ao séc. XXI, que seja líder na comunicação social, nas redes sociais, para que consigamos ser a melhor estrutura política a comunicar em Portugal. Para tudo isto, a JSD tem de falar dos problemas que preocupam verdadeiramente um jovem em Portugal, mas também tem de falar dos temas que vão dominar a agenda nas próximas décadas. Daí a necessidade de falarmos da Escola do Futuro, do Rendimento Básico Incondicional, do mercado de trabalho e do impacto que terá a revolução tecnológica, etc.
João Diogo Caldeira
Todos sabemos que a distrital da JSD de Beja está inativa. O que tem sido feito pela JSD para proceder à reativação da mesma.
A reativação da distrital de Beja tem de ser uma prioridade para a JSD. Começámos o mandato da atual Comissão Política Nacional, eleita há 4 meses e meio, por regressar a um dos mais importantes eventos de Beja. Há muitos anos que não participávamos na OVIBEJA. Estamos agora a preparar a volta do secundário que passará certamente por Beja. E até ao final do mandato contamos fazer uma iniciativa nacional em Beja, bem como manter um contacto próximo com os militantes e potenciais militantes de forma a conseguirmos ajudar a reativar as concelhias e a distrital de Beja.
Luís Malhadinhas
Margarida, uma vez que já que existem quotas para as mulheres nos cargos políticos, por que não existem quotas para a colocação de jovens nesses mesmos cargos? Urge introduzir a colocação dos jovens na política, de modo a proporcionar-lhes a experiência devida para um futuro político e a renovar o sistema!
Matilde Carvalho
Por todo o nosso pais existem muitos prédios degradados em centros históricos. Seria possível criar um programa para uma rápida requalificação dos prédios degradados e ao mesmo tempo tornar as rendas mais acessíveis de modo a atrair os jovem para os centros históricos?